Histórico da Raça
Bulldog: A força desse conceito
Um misto de coragem, ferocidade, força, perseverança e agilidade deram aos antigos Bulldogs fama crescente na Inglaterra. Não é para menos. Eles eram os bull-baitings dogs, ou seja, " cães de enfrentar touro ", hábeis em dominar touros com até mais de 400 quilos e em conduzí-los contra a vontade para onde os donos queriam, muitas vezes para a morte nos abatedouros.
Os confrontos entre cães e touros na lida com o gado evoluíram para bull-baitings, combates entre animais. Possívelmente, no início,essas lutas foram organizadas apenas para treinar e avaliar cães, mas acabaram se tornando um espetáculo com apostas, cobrança de ingressos e valorização dos exemplares de melhor desempenho. Além de touros, outros animais eram postos para brigar com cães, como texugos e ursos. Há relatos de macacos que venceram muitos cães agarrando-os pelas costas, e de lutas de cães contra homens. Tornaram-se comuns as dog-fightings ( rinhas entre cães).
As disputas aconteciam em locais particulares e em público. Cães de todos os tipos eram usados. Mas a denominação Bulldog destinava-se a exemplares de porte médio a grande, robustos e com cabeça maciça. Nas ilustrações da época, vê-se a grande diversidade existente de Bulldogs.
O auge dos combates com cães foi nos séculos 17 e 18. Por causa do sofrimento imposto aos animais em confrontos banhados de sangue, que às vezes duravam horas, foram feitos sermões nas igrejas contra essa crueldade, e projetos de lei tentaram acabar com a prática. Em 1835, o Humane Act proibiu lutas entre cães na Inglaterra. Na ocasião, o aprimoramento dos Bulldogs já era uma realidade. Várias pessoas se dedicavam a desenvolver um cão robusto, com focinho achatado para poder respirar sem soltar o touro e com corpo arredondado e estatura baixa - com pernas curtas e em arco, sendo as frontais mais baixas - para esquivar-se das chifradas. Persistência e resistência eram qualidades fundamentais para aqueles cães.
O Bulldog Inglês foi uma das cerca de dez raças que abriram o caminho para a cinofilia moderna. Ele foi reconhecido simultaneamente à fundação do primeiro clube de criadores de cães do mundo, o The Kennel Club (TKC), em 1873, na Inglaterra. Em 1875, era a primeira raça de cão no mundo a ter um clube especializado, o The Bulldog Club, e, um ano depois, tornou-se o primeiro cão a ter uma padrão oficialmente reconhecido.
Em vez de ir às arenas lutar, o Bulldog Inglês passou a ter como palco as exposições, onde a prioridade passou a ser a perfeição física. A raça ganhou homogeneidade, docilidade e características físicas extremadas.Tornou-se um dos símbolos da Inglaterra e da cinofilia, conquistando a simpatia geral. Seus descendentes se espalharam pelo mundo e foram cruzados com outras raças, deixando muitos sinais do fascínio exercido pelos Bulldogs.
A história do Bulldog Inglês se confunde com a da própria cinofilia. Ele foi reconhecido juntamente com a fundação do primeiro Kennel Club, da Inglaterra, em 1873. O primeiro padrão oficial de uma raça canina foi o dele, bem como o rpimeiro clube especializado: o The Bulldog Club, em 1875. Depois da proibição de lutas entre animais pela Inglaterra, em 1835, o Bulldog foi transformado, de enérgico lutador contra touros e outros animais, em um exemplo de docilidade canina, em contraste com uma aparência intimidadora. É carrancudo, com cara achatada, rugas e mandíbula inferior projetada para frente. Também tem o peito largo de um super lutador. Mas algumas fêmeas têm a bacia estreita demais e estão sujeitas a dificuldades no parto, tornando-se necessária a cesariana. " A displasia é rara nos Bulldogs da Inglaterra, mas nos Estados Unidos, onde os exemplares são mais pesados, ela é mais frequente ", compara o secretário do The British Bulldog Club (BBC), Leslie Thorpe. Em 2000, uma pesquisa do BBC, respondida por 200 associados, detectou que entre os Bulldogs havia 7% com dificuldade respiratória ( redução do diâmetro da traquéia por mau posicionamento do céu da boca, corrigível por cirurgia ), 5% com entrópio ou ectrópio ( pálpebras viradas para dentro ou para fora, corrigíveis por cirurgia ). " A orientação do clube é não reproduzir estes cães ", comenta Leslie. Já para os exemplares que não conseguem se acasalar - 10% das menções - o clube sugere ajudar o casal na cobertura.
Texto extraído de : Revista Cães & Cia